domingo, 30 de maio de 2010

Vamos celebrar! Toda a nossa solidariedade que espera reciprocidade.
Seguir em frente nas calçadas das esmolas.
Vamos sorrir pelo verde que falta nessa cidade;
pela riqueza da ignorância das nossas escolas.

Levantar a cabeça junto com as mãos.
Entender as ausências da união.
Gritar ordem e progresso bem fundo,
mas só na Copa do Mundo.

Chorar pela morte de mais um artista,
enquanto a taxa de homicídios continua a soar somente como estatística.
Seguir a ordem, correr pelo progresso.
Esquecer por um segundo que isso tudo pode ser regresso.

Digamos enfim a todos os tupiniquins
que fomos descobertos por Cabral.
Digamos aos meios que os justificamos com os fins,
só porque o bem não vive sem o mal.

sábado, 22 de maio de 2010

Ah, meu pesar!

    Incrível! Fantástico! Inacreditável! Não diria estupendo. Há tanto tempo se estuda, há tempo se estima, há tanto tempo tentamos, sem exímio sucesso, compreender, estudar, sintetizar o pensamento humano. Algumas ciências até conseguiram certo êxito nessa espécie de auto-compreensão, entretanto, creio eu, que nunca chegaram perto da verdadeira essência do pensamento humano, se é que existe alguma.
    Contudo, com todo respeito aos centistas, não tem nada de incrível, fantástico, inacreditável nisso, e hoje não me ocuparei destes méritos. Venho dizer sobre o que realmente não é e nem merece ser estupendo. Sobre o quê? Pois bem. É fato que não conseguimos saber com precisão tudo o que estimula e move a mente humana, mas é realmente incrível, volto a reiterar, como ela consegue ser deturpada, alienada em prol de algumas coisas. E isso não é exclusividade de nossas gerações. Desde que o mundo é mundo e o homem é homem, este vem se deparando com determinadas situações que exigem o uso do tão estimado livre arbítrio, não obstante com o passar do tempo tal hermenêutica (assim considero) veio sofrendo mudanças radicais, à ponto de hoje ser uma espécie em extinção na vida do homem.
    Sobre as causas desse malefício? Muitas, mas ao mesmo tempo uma única, o próprio homem, que por sua vez criou instrumentos que viriam a se voltar contra ele mesmo. E hoje, parcela a parcela vai acertando sua dívida para com o mundo que DEUS lhe concedeu e mesmo para os mais otimistas, continuará em débito por um tempo considerável. O homem, ah o homem! Logo este que criou a roda, as armas, a indústrias, as bolsas de valores, os computadores, os rádios, os Ipods e hoje os Ipads! Como viver sem meu Ipod? Me responda como viver sem nenhum destes apetrechos? Eu respondo. À exceção da roda, muitas nações, sobretudo na África, vivem sem nenhum destes tais apetrechos. Eles são magos? São feiticeiros? Como conseguem tal proeza? Se permitem, mais uma vez respondo. Não, não são magos, nem feiticeiros, são simplesmente humanos como nós, pessoas de carne e osso, simples, humildes, porém nobres e conseguem tal proeza porque a riqueza que em abundância nos ilude por aqui é escassa do lado de lá, e se permitem mais uma vez, estes sim guardam a essência - se é que ela existe - do que é ser humano e sobrevivem a esta invasão tecnocrata, aristocrata, plutocrática, falsa democrática todos os dias sem despertar a consciência de quem se preocupa diariamente com as contas que tem de pagar, ou o pior, a consciência de quem pensa em comprar um Ipod, um Ipad, um computador novo, e assim consecutivamente fortalecer a indústria, a bolsa de valores...
    Meus pesares são por estes e por aqueles. Por estes, porque são escravos de um senhor sem rosto, apenas com nome, mas um "Zé Ninguém". Por aqueles, por ter usado a linguagem metafórica quando a eles me referia.

sábado, 7 de novembro de 2009

Nasceu, cresceu e morreu.

A chama se apagou e não aquece mais.
Talvez porque a lenha que eu trazia era demais.
O silêncio ecoou na marcha fúnebre do que era belo.
A corrente se desfez porque faltava um elo.

Da vida não se leva nem o pó da terra,
todavia de suas lições só aprende quem erra.
Liberdade me diz o que quero ouvir.
Que até certo ponto, posso ir e vir.

Felicidade disse que entre o céu e a terra
existe mais do que o bem e o mal.
Aos passos, sozinho, vejo o que antes não podia ver.
Me imunizei, posso me defender.

Foi tudo tão intenso, virou poesia nesse caderno velho.
E quem diria que o destino fosse nos apresentar uma ironia?
Bem no fundo já sabia.
Um dia transcreveria o fim de toda magia.
E o que me cabia fiz, mesmo não aceitando.
Confesso: não esperava o que foi se dissipando.

Agora, só história.
Que faz parte de mim, mas só parte da memória.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

domingo, 4 de outubro de 2009

Visão

Cego é deficiente visual.
Cego é aquele que não vê.
Cego é aquele impossibilitado de enxergar o que o cerca.
Cego é quem enxerga tudo escuro.
Cego é quem enxerga claro demais.
Cego é quem não quer ver.
Cego sou eu.
Cego é você.
Cego somos nós.

sábado, 3 de outubro de 2009

Eutanáticos

Muito se fala, muito se discute, pouco se conclui sobre o ato da eutanásia. Talvez por ser um assunto delicado, talvez pelo velho hábito de se deixar tudo pra depois.
O fato é que volta e meia nos deparamos com casos críticos de saúde e surge um embate: Concordo, pois cada um sabe o que é melhor pra si, além do que, não gostaria de causar sofrimento às pessoas que me amam se estivesse nessa situação Vs. Discordo, foi DEUS quem nos deu a vida, só ELE pode nos tirar e na hora que bem entender.
Se soubéssemos o quanto fazemos os outros sofrerem direta ou indiretamente, quantas vidas são perdidas sem o consentimento divino, não teríamos esse tipo de questão ainda por definir.
O homem toma tantas decisões sem consultar o todo poderoso, que diga-se de passagem não afetam somente a vida de meia-dúzia, e as que perduram e nos causam mais intriga são entregues a outros homens, que por sua vez, fazem o seu papel, ora com a sua intuição altruísta, ora com a obrigação do seu dever imponente.
Mas e a vida mesmo? Continua a ser oferecida àqueles que supostamente detém a sabedoria do que seria melhor para nós, e assim organizam a nossa aparente e ao mesmo tempo eutanática sociedade.

Gritos e Mãos

Gritos, quase roucos, clamam por socorro, mas não são ouvidos. Mãos calejadas, suplicam centavos. Enquanto isso no túnel do paradoxal que dá na Avenida da hipocrisia, outros gritos, acalentados por um Scotch, exaltam um concerto. E mãos, tão suaves quanto seda, acariciam distintivos que lhes concedem status no país da tolice.
São gritos e mãos - e na verdade muito mais que isso - que aumentam o abismo entre as Vilas da Silva, dos Santos e tantas outras, dos condomínios Luxury House's, Biggies Constructions and Small Owners, dentre tantas mais.
Cada vez mais a esfera se divide. E se choca. E se confunde. E se mata... E desta vez sim, podem ser ouvidos os gritos, porém, gradualmente, as mãos já não podem ser tocadas como antes. Nossas diferenças são tão semelhantes, nossa pobreza é tão rica e tão coletiva, nossa harmonia é tão desarmoniaosa, e nossa vida. E nossas vidas.
Antagonismos à parte, acreditar fielmente numa simples solução como o amor, a paz, ou DEUS, me soa como utopia.
Então o que fazer? Rezar para O Deus, procurar O Amor, encontrar A Paz, mas principalmente sermos um pouco mais de nós mesmos.